Encontramos normalmente dois tipos de praticantes de corrida à beira da estrada: aqueles que gastam o seu calçado até ao fim e os que o substituem como se trocassem de camisola. Afinal, quando substituir o calçado de corrida? A verdade encontra-se algures entre estas duas equipas. Contamos-te tudo.
Quando encontramos o calçado certo para o nosso pé, fica difícil separarmo-nos dele! Uma boa manutenção melhora consideravelmente a longevidade do teu calçado, mas uma sola demasiado desgastada pode levar a tensões e dores quando corres. Agrupamos aqui tudo o que deves saber sobre a durabilidade e o desgaste do teu calçado de corrida, para correres confortavelmente e durante muito tempo.
Considerando o mesmo calçado e a mesma quilometragem, numerosos fatores influenciam a sua durabilidade. Entre dois praticantes de corrida que efetuam um treino semelhante, estes são os critérios de desgaste em jogo:
A carga efetuada na sola do calçado de corrida é de 5 a 8 vezes o peso do praticante de corrida. O cálculo é rápido, entre duas pessoas a carga pode diferir em algumas centenas de quilos. Quanto mais peso houver na sola, mais rapidamente ela se vai comprimir e perder o amortecimento.
O tipo de calçado também influencia:
- um calçado de treino, com muito amortecimento e uma sola densa (muita matéria), irá durar mais tempo.
- um calçado de corrida, mais leve mas com menos matéria ou matéria menos densa, irá danificar-se mais rapidamente.
O preço não influencia o tipo de calçado, é a quantidade e a densidade de matéria na sola que define o calçado.
Para a mesma quilometragem, se efetuares uma saída de 3 h seguidas, o teu calçado irá danificar-se mais rapidamente do que fazendo três saídas de 1 h. A compressão da espuma de forma prolongada reduz a sua capacidade em recuperar a densidade quando em repouso.
Sempre com base no mesmo número de quilómetros, a frequência das tuas saídas influencia a compressão da sola. Quanto mais próximas forem as saídas, temporalmente, menos a sola consegue recuperar a sua forma inicial entre elas.
Cada praticante de corrida tem uma passada diferente: alguns danificam o calcanhar mais rapidamente, outros a frente do calçado, etc. De uma forma geral, o calçado de corrida danifica-se mais rapidamente se o praticante tiver uma passada vertical (grande oscilação vertical) do que se tiver uma passada económica e rasante.
Nota: a oscilação vertical corresponde à distância percorrida no eixo vertical do teu centro de gravidade em cada passada. Quanto maior for a oscilação, maior será a carga suportada pelas solas, o que leva ao desgaste do amortecimento (compressão da sola).
Os materiais do calçado de corrida deterioram-se ao longo dos anos, mesmo que este não seja utilizado. Calçado novo ou em bom estado que deixas no armário não terá as mesmas capacidades de resistência nem a mesma qualidade de amortecimento que calçado semelhante acabado de comprar.
A manutenção influencia significativamente a durabilidade do calçado de corrida: recomendamos que não utilizes as máquinas de lavar e de secar. Opta por uma lavagem à mão regular e uma boa passagem por água quando necessário. Em seguida, evita a secagem ao sol ou perto de uma fonte de calor, que danifica prematuramente o calçado.
Se utilizares o calçado de corrida para praticar outros desportos ou no dia-a-dia, este desgastar-se-á mais rapidamente. Uma vez que a frequência e a duração da atividade são importantes, mesmo que o calçado aparente estar em bom estado, a compressão da sola irá forçar-te a substituir o teu calçado.
O teu calçado aparenta estar em bom estado? Isto não é suficiente para avaliar o desgaste geral. Há vários indicadores, além de eventuais furos ou uma malha de rede danificada, para saberes quando será necessário substituir o teu calçado:
1. O estado visual da sola: um desgaste anormal em certas zonas e uma sola que se tornou lisa ao longo do tempo.
2. Compressão da sola: visualmente, a sola parece ter ondas, tem menos drop e amortecimento que antes.
3. As sensações: quando sentires as asperezas na biqueira, está na altura de substituíres o calçado.
4. O desconforto e as dores: se não alterares o teu ritmo e volume de treino, o surgimento de desconforto, ou mesmo de dores, poder ser o sinal de que está na altura de substituíres o calçado de corrida.
Um conselho, não esperes por sentires dores nos pés, articulares ou musculares, para substituíres o calçado. Para evitares os riscos de lesões, o ideal é calculares a capacidade média de quilómetros do calçado, para o substituíres no momento certo. Contamos-te tudo abaixo.
As diferentes marcas de calçado de corrida fornecem estimativas diferentes quanto à durabilidade do seu calçado: 500 quilómetros no sensor, substituir anualmente, etc. É por vezes difícil destrinçar o verdadeiro do falso, mas o que não varia é que, para o mesmo calçado, o desgaste depende da tua atividade (trail, alcatrão, pista), da regularidade com que praticas, do tipo de terreno em que praticas, e de todos os fatores indicados no início deste artigo.
Descobre como calcular a tua quilometragem pessoal se correres sempre com o mesmo calçado, ou se desejares comparar dois pares diferentes:
- A melhor solução consiste em multiplicar o número de quilómetros que fazes por semana pelo número de semanas entra a compra e o desgaste total do calçado, se fizeres um treino regular.
- Se não praticares regularmente, recorre ao auxílio da tua aplicação de monitorização de treinos (Strava, Garmin Connect, Suunto, etc.) para calculares o número de quilómetros realizados desde a compra do teu novo par.
Deves ficar atento aos sinais de alerta que te indicam que o calçado está a chegar o fim de vida, na primeira vez que fizeres o cálculo. Em seguida, saberás facilmente qual o momento certo de substituíres o calçado antes que seja posto à prova.
Quer seja para competição ou treino, a escolha do calçado de corrida deve ser feita em função da tua passada, da tua frequência de utilização e do terreno em que irás correr.
Eis os critérios a priorizar na escolha do teu novo calçado de corrida:
Estrada, trail, pista ou híbrida, a escolha do calçado de corrida começa pela tua prática, logo, do tipo de terreno que irás encontrar. Podes em seguida selecionar o melhor calçado de acordo com os critérios específicos para cada tipo de corrida.
Quando comparares diferentes modelos, usa como referência o amortecimento, a estabilidade, o peso, a impulsão, a flexibilidade e o drop do calçado. Fazendo uma equação rápida entre a tua prática, as tuas sensações e os critérios do calçado, podes rapidamente focar a tua pesquisa de modelos de forma mais precisa.
Por exemplo, para calçado de treino com um máximo de conforto, irás privilegiar o amortecimento e o drop do calçado. Irás apreciar o conforto e a durabilidade deste calçado, que é menos leve mas mais robusto que o calçado de competição.
Pelo contrário, se desejares modelos para treinos dinâmicos, irás descurar um pouco o amortecimento para maior impulsão e flexibilidade. Estes modelos acompanham-te nos treinos em que procuras o desempenho que se aproxima da tua passada e das tuas condições de corrida.
Como escolher o calçado de corria quando estamos a principiar?
Nem sempre é fácil de nos localizarmos, principalmente quando estamos a principiar a corrida. Nesta situação, torna o conforto a tua prioridade; a tua descoberta da corrida não deve ser um sofrimento para os teus pés e as tuas articulações. Para te acompanhar nas tuas primeiras saídas e treinos, opta por calçado de corrida com um bom amortecimento e no qual não sintas os pés apertados; se for preciso opta por um ou dois amanhos acima.
E se te sentires a perder a motivação, encorajamos-te a continuar a correr para te sentires bem!
Como indicámos mais acima, o peso é um fator que influencia o desgaste do calçado, nomeadamente a compressão da sola. Quanto mais pesado for o praticante de corrida, mais a sola será comprimida no momento em que o pé assenta no chão. Nesta situação, é importante privilegiar o amortecimento e a estabilidade do calçado.
Um praticante mais leve pode permitir-se optar por calçado mais flexível e com menor amortecimento.
Lembra-te que, no momento de escolher o calçado, é importante privilegiar o conforto. A longo prazo, irás evitar as dores articulares associadas aos impactos da corrida, ou mesmo lesões.
Existem 3 tipos de passadas, que correspondem à forma como assentas o pé no chão:
- pronadora, com um assentar o pé orientado para o interior;
- neutra (ou universal), quando o apoio se faz no meio do pé;
- supinadora, com um assentar do pé no exterior dos apoios, o que é bastante raro.
Alguns modelos são mais ou menos adaptados de acordo com a tua passada. Para saber em que categoria te inseres, observa a sola do teu antigo calçado, que estará mais ou menos danificada no interior, no exterior ou no centro da sola.
Para o teu conforto e bem-estar, pensa em substituir o teu calçado de calçado quando a sola já não conseguir encaixar adequadamente a força efetuada em cada passada. Em contrapartida, descobre como reparar o teu calçado se se tiver danificado mas não precisar de ser substituído.
Se não estiver a trepar nos meus Pirenéus natais, estou provavelmente a surfar no País Basco que me adotou. Apaixonada pelo desporto desde sempre, adoro experimentar um pouco de tudo: ski, alpinismo, escalada, bicicleta de estrada, BTT, trail, surf, etc., e partilho contigo tudo o que aprendi ao longo dos anos.
